As matérias sobre as relações da mídia com Plínio e sobre quem herdará os votos de Marina estão na sequência desta, logo aí em baixo.
30-07-10
Matematicamente, José Serra está derrotado.Montenegro,
do IBOPE, já avisou que não dá mais para forjar empates
Quem lê habitualmente este blog, sabe que acompanhamos e analisamos há muito tempo as pesquisas e não cometemos leviandades. E se o leitor tiver paciência para acessar a coluna Última Hora, verá que há três dias já dizíamos que a eleição seria decidida em Minas, sendo que lá Serra já está cinco pontos atrás de Dilma.Verá, também em que baseamos esta afirmação.
Pois hoje, sempre atrasado, o Globo afirma em sua página 2 que " Serra pede socorro a Aécio" e acrescenta: "pesquisas internas do PSDB confirmam que Dilma já passou Serra em Minas". E, na mesma página, porém noutro contexto, comenta que a eleição será decidida naquele Estado.
Resumo na ópera: salvo acontecimento muito grave e absolutamente inesperado, não dá mais para Serra. Entretanto, cabe esclarecer aqui, que quando fala em "pesquisas internas", o Globo está se utilizando de um eufemismo para não revelar que o que há são informes que habitualmente Carlos Augusto Montenegro, dono do IBOPE e agregado da família Marinho, envia a seus patrões, antecipando resultados de pesquisas em curso.Pesquisas estas que estão sendo concluídas este fim de semana, mas que ninguém sabe quando, e se, serão divulgadas.
Isso quer dizer, em bom português, que Montenegro avisou que a vantagem de Dilma já é tão grande que não dá mais para forjar embate entre ela e Serra, como o IBOPE e a DataFolha fizeram, criminosamente, há dez dias. Na verdade, o esforço desesperado do esquema serrista consiste em simular um equilíbrio na disputa, até o início do horário gratuito na TV. Depois, seja o que Deus quiser.
Para ser ter uma idéia de como esta gente (na verdade uma quadrilha organizada) atua, basta lembrar que há um mês (26 de junho), o IBOPE já apontava uma vantagem de cinco pontos a favor de Dilma. Quinze dias, depois, sem respeitar o tradicional espaço de 30 dias entre as pesquisas, o instituto aparece com um novo levantamento apontando um estranho empate em torno de 38 %. Tudo para coincidir com a pesquisa da DataFolha (igualmente estranha porque mudou radicalmente sua metodologia) apresentado empate semelhante. E isto, na mesma semana em que o Vox Populi confirmava a vantagem de oito por cento de Dilma sobre Serra.
Para quem imagina que exagero, imploro que acesse o blog de hoje de Cesar Maia, insuspeito por que é serrista e, principalmente, porque é um especialista no assunto. Se v. você fizer isto, verá que o ex-prefeito do Rio demonstra que uma simples alteração na metodologia, pode acarretar distoções de até 500%.
26-07-10
A única incógnita desta eleição: para onde
irão os votos de Marina no segundo turno?
O certo é que Dilma vencerá no primeiro turno. Nem Cesar Maia e Ricardo Noblat, levam a sério a última DataFolha. Vejam o blog do primeiro na Internet e a coluna do outro no Globo de hoje.
Então, se não há mais dúvidas quanto à vitória de Dilma o primeiro turno (vejam nossa matéria esmiuçando as pesquisas, na coluna Coisas da Política deste blog), resta uma questão a ser respondida: se houver segundo turno, para onde irão os votos de Marina Silva? E lembre que quando dizemos que Dilma vencerá o primeiro turno, não estamos dizendo que ela será eleita no primeiro turno.
É preciso ser isento e coerente. Há meses defendo nesse blog, inicialmente quase sozinho, que Marina retirava mais votos de Serra do que de Dilma. Hoje esta é uma opinião quase unânime. Se for assim, dita a lógica que, no segundo turno, os votos de Marina tenderão a migrar, em maior número, para Serra.
Agora, vamos supor que Marina chegue ao final do primeiro turno com, digamos, 10% dos votos já que, há cinco meses, ela se mantém estabilizada neste número. Então, é preciso avisar, desde logo, que estes 10% não migrarão integralmente para Serra. Digamos que 7% vão para ele os o restantes 3% para Dilma. Sendo assim, para que a petista ingresse na campanha pelo segundo turno com alguma tranqüilidade,é preciso que, no primeiro turno, ela obtenha um vantagem, sobre Serra, de algo próximo aos 10%.
Isso não é impossível, mas não é fácil. Donde se conclui que a estratégia ideal para Dilma seria no sentido de torpedear a candidatura de Marina. Mas como fazer isso, sem partir para um confronto direto, o que seria um tiro no pé? São poucas as alternativas, mas uma delas, embora pareça excêntrica à primeira vista, seria dar uma ajudazinha na campanha de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Bastaria que Dilma ou o presidente Lula fizessem referências a ele nos comícios e do horário gratuito.
Em artigos recentes, tenho procurado demonstrar que Plínio, até agora solenemente ignorado pela mídia, começa a ter alguma visibilidade e, na mesma proporção, vai retirando votos de Marina. Por que isso? Porque os eleitores dele e da candidata verde são aqueles que já não iriam mesmo votar em Dilma. Em verdade, na falta de alternativas, eles votariam até em Serra, tapando o nariz. Então, estes eleitores anti Lula ou anti PT (geralmente de classe média), numa primeira fase migraram de Serra para Marina. E agora, numa proporção bem menor, é verdade, migrarão de Marina para Plínio. Notem, aliás, a grande afinidade existente entre Marina e Heloisa Helena, a fundadora do PSOL.
Se for assim, o crescimento de Plínio fragmenta ainda mais o campo anti Lula. E, com isso, Serra chega ainda mais fragilizado ao final do primeiro turno. Por outro lado, é muito pouco provável que, no segundo turno, Plínio recomende o voto em Serra.
Parece complicado, não parece? E é mesmo. Não pensem que estrategista político e marqueteiro têm vida fácil.
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